sábado, 12 de novembro de 2011

O erro Crato


O nosso Ministro da Educação, referiu um destes dias, que quer reduzir novamente o currículo do Ensino Básico, às áreas disciplinares essenciais. Como é que alguém, sendo ministro, ou não, pode arvorar e decidir salomonicamente, quais são as áreas do conhecimento essenciais, assim, de uma forma pragmática, desprovida de estudos consistentes e de debate público?




A sangria, ao que parece, vai começar novamente pelo ensino artístico de base, com a redução da carga horária de disciplinas como Educação Visual e a eliminação de um dos elementos do par pedagógico de EVT ( Educação Visual e Tecnológica).

Há uns anos a esta parte, decretaram já uma espécie de morte lenta à disciplina de Educação Visual, que possui atualmente uma carga horária de 90 minutos, muito pouco tempo, para uma disciplina de carácter eminentemente prático.

A referida disciplina já é de matricula opcional no nono ano de escolaridade.

Como docente desta disciplina, tenho vivido situações, não raras vezes bizarras.

O ano lectivo transacto estive um mês sem leccionar uma turma, não por ter faltado às actividades letivas, mas porque o horário da mesma, coincidiu com feriados nacionais, uma greve e visitas de estudo.

O ensino artístico de base, ao que parece, não é essencial. Isto é no mínimo estranho, numa sociedade em que quase tudo aquilo que utilizamos é previamente pensado em termos de imagem, ergonomia e de adequação da forma à função.

Tendo como certo e adquirido este pressuposto, o ensino artístico de base não foi essencial, para pessoas como Vieira da Silva, Amadeo de Souza Cardoso, Paula Rego, Álvaro Siza Vieira, Souto Moura, entre muitos outros, que têm dignificado incomensuravelmente o prestigio do país dentro e fora de portas.



Tolher e menosprezar o ensino artístico de base, ao que parece, é uma intenção, pois não será essencial.

A intenção existe

A intenção é triste

A intenção é Crato

2 comentários:

Contra.facção disse...

Pois é Felizardo!
De corte em corte, até à deseducação institucional.
24 por dia de comunicação visual, não só pela perceção do mundo real, mas cada vez mais pelas ferramentas com que nos informam (e formam) e que utilizamos diariamente (TV e computador), mas seguramente que convém aos mandantes que apenas vejamos, sem capacidade de uma observação crítica...
Uma formação sem humanidades...

Felizardo Cartoon disse...

É isso mesmo Miguel!
Abraço!