Acabar é uma arte. E, como todos
sabemos, esta função nem sempre é bem assumida pelos seus executantes, como
veremos mais adiante, neste mesmo texto.
Nestas ultimas semanas, os portugueses
têm assistido, estupefactos, a uma avalanche de acontecimentos surreais, na
realidade da política nacional que, chegam mesmos a ultrapassar a própria
ficção, não olhando a meios, para atingir os fins.
Tal como nas artes mais nobres, na
política houve tempos em que havia, uma coisa chamada de “bom senso”, caracter,
compromisso ou sentido de responsabilidade, mas que o tempo e as novas gerações
têm feito desaparecer do panorama político-partidário, substituindo-o por
outros conceitos mais vulgares, e próprios dos momentos que vivemos, como o
clientelismo ou o servilismo, isto é, a força e o poder do capital sobre o
cidadão e o homem livre.
Cada vez são menos, aqueles que têm
sentido de missão e, desejam abraçar uma causa ou um compromisso com a sua comunidade,
de forma a defende-la, resolvendo e lutando pela resolução dos reais problemas
dessas populações. E, para isso existem governos, com poder executivo. O que
contraria, o momento atual, em que não sabemos, literalmente, quem governa,
este pedaço de terra.
Então, passemos a explicar,
primeiro demite-se o Ministro de Estado e das Finanças, Victor Gaspar, numero
dois do governo, afastando-se, sem antes, tornar publica uma polémica carta,
dirigida ao Primeiro-Ministro, onde se retrata a si próprio e à sua errada
politica, aplicada durante dois longos e pesadíssimos anos, sobre os
portugueses.
Logo a seguir, demite-se o Ministro
de Estado e dos Negócios Estrageiros, Paulo Portas, número três do governo, o
qual não é aceite, pelo primeiro-ministro.
O presidente da República, fala ao
país, num discurso codificado, somente acessível a seres extraterrestres
adaptados com a box da MEO. O que a meu ver, só pode mesmo, ser entendida como
uma medida de prevenção contra as escutas, criando uma situação de caos
político, nunca antes assistido, num país democrático. Limitando-se a fazer uma
espécie de jogos florais, dirigida por uma política inexistente, fazendo-se
passar como um fantasma, que paira na política nacional, há mais de trinta
anos!
Num outro registo, mais irritada e
crispada, nos brindou a segunda figura do Estado, a Presidente da Assembleia da
República, Assunção Esteves, na sessão plenária da passada quinta-feira,
gritando de forma soberba, com os manifestantes, que se encontravam nas
galerias, para que estes abandonassem as mesmas os mais rápido possível.
Assunção Esteves não se enervou apenas. Caiu-lhe uma mascara que tinha mantido
até então, e veio ao de cima o seu lado mais autoritário, fazendo uma sugestão,
uma declaração e uma citação, após o acontecimentos.
A sugestão foi que se repensasse a
possibilidade do público deixar de ter acesso à casa da democracia, a
declaração foi a de que "não fomos eleitos para sermos amedrontados,
desrespeitados". E a citação foi de Simone de Beauvoir: "Não podemos
deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes".
Mas, afinal o povo é soberano, ou
não? A constituição diz que sim, mas alguns políticos mais bolorentos, ainda
pensam o contrário. Acabar, terminar ou saber sair no tempo certo, pode ser uma
virtude, por isso a palavra tem que ser devolvida ao cidadão, já!
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO
* Cartoon de Hermínio
Felizardo in http://felizardocartoon.blogspot.pt
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